As Planícies: o espaço onde o sentido se dissolve
Introdução
Gerald Murnane é um escritor da quietude. Em As Planícies, ele constrói uma narrativa rarefeita, onde nada parece acontecer e, na verdade, tudo acontece — só que dentro. A obra é uma exploração da percepção, da memória e da tentativa quase impossível de capturar o mundo interior através da linguagem. É um livro que obriga o leitor a desacelerar, a notar o intervalo entre as coisas, a habitar o silêncio.
Enredo
Um cineasta chega às vastas planícies do interior da Austrália com o objetivo de realizar um filme que represente, com fidelidade, o espírito daquele lugar e das famílias que o habitam. Ele se vê envolvido com um dos clãs que dominam a região, onde cada gesto, cada troca de olhares, cada detalhe de paisagem parece carregar significados insondáveis. O tempo, nas planícies, não avança: ele paira. E a busca do narrador torna-se menos a realização do filme e mais a tentativa de compreender aquilo que nunca se deixa apreender totalmente.
Análise crítica
A prosa de Murnane é meditativa, às vezes hipnótica. Ele não descreve emoções diretamente; ele insinua. Não apresenta conclusões; ele oferece superfícies lisas onde o leitor deve encontrar o relevo. A imagem das planícies torna-se metáfora da mente humana: vastidão, silêncio, miragens que quase se deixam tocar. Há ecos de Beckett e Borges no modo como o autor trabalha a tensão entre o visível e o imaginário. Ler As Planícies é colocar-se diante de um espelho que recusa refletir com nitidez — e é justamente essa recusa que cativa.
Conclusão
Este é um livro que exige entrega. Quem espera ação se frustrará; quem aceita o ritmo lento, o ar rarefeito, o espaço entre as palavras, encontrará uma experiência literária singular. As Planícies é, acima de tudo, uma meditação sobre o olhar — sobre como vemos, interpretamos e tentamos fixar em linguagem o que sempre se move dentro de nós.
Para quem é este livro?
- Leitores que apreciam narrativas introspectivas.
- Quem gosta de literatura que trabalha o silêncio e a contemplação.
- Aqueles que se interessam por livros que exploram a percepção e a subjetividade.
- Leitores de Samuel Beckett e Jorge Luis Borges.
Outros livros que podem interessar!
- A Paixão Segundo G.H., de Clarice Lispector.
- O Deserto dos Tártaros, de Dino Buzzati.
- Esperando Godot, de Samuel Beckett.
- O Aleph, de Jorge Luis Borges.
E aí?
Você já leu As Planícies? Como foi sua experiência com esse território onde o sentido parece sempre escapar? Me conta nos comentários — vamos conversar.
Encontre profundidade no silêncio
As Planícies
Em As Planícies, Gerald Murnane oferece uma narrativa contemplativa e profundamente sensorial sobre o olhar, a memória e o que permanece invisível. Uma obra que se lê devagar — e permanece.
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