17/07/2025

Resenha e mais: As Brasas (Sándor Márai)



As Brasas, de Sándor Márai: A Longa Espera de uma Verdade



Introdução

Publicado originalmente em 1942, As Brasas, do autor húngaro Sándor Márai, é um romance curto, mas de altíssima densidade psicológica e existencial. A obra se passa em um castelo nos confins do Império Austro-Húngaro, onde dois velhos amigos se reencontram após mais de quatro décadas de silêncio. O que se segue é um longo monólogo entremeado por silêncios carregados de ressentimento, memórias distorcidas e perguntas nunca respondidas. Márai constrói um cenário quase teatral para dissecar os efeitos do tempo sobre a amizade, a lealdade e o desejo.

Enredo

O enredo gira em torno do reencontro entre Henrik, um general reformado, e seu antigo amigo Kónrad, músico sensível e introspectivo. Eles não se viam havia quarenta e um anos, desde um evento misterioso que interrompeu bruscamente a amizade intensa que mantinham. Agora, já idosos, eles compartilham uma noite repleta de tensão, vinho e lembranças, enquanto Henrik conduz um interrogatório emocional que vai revelando as camadas profundas de sua angústia. A figura de Kristina, esposa de Henrik, paira como uma sombra constante sobre o diálogo, mesmo sem estar presente fisicamente. A trama é menos sobre ações e mais sobre o peso da memória e do não dito.

Análise crítica

Sándor Márai conduz a narrativa com uma prosa elegante, marcada por frases longas, cadenciadas e reflexivas. O grande mérito do livro está na capacidade do autor de manter o leitor envolvido em uma conversa aparentemente unilateral, sustentada por um só personagem. A tensão psicológica é construída com extrema habilidade, e os temas explorados – como a amizade masculina, o ciúme, a honra e o silêncio – ganham uma dimensão quase trágica. O castelo isolado, o jantar à meia-luz e a noite longa funcionam como metáforas do mundo interior dos personagens, criando uma atmosfera melancólica e densa. Trata-se de um romance sobre o que permanece quando tudo já passou: o que arde em brasa, mas não consome.

Conclusão

As Brasas é uma obra profunda e contida, que impressiona pela intensidade do que é dito e do que é silenciado. Em poucas páginas, o leitor é levado a refletir sobre o tempo, as escolhas, as verdades que evitamos e os vínculos que nunca se rompem por completo. Um livro que exige leitura atenta e oferece recompensas ricas em introspecção e beleza literária. É também um retrato pungente do declínio de uma era e da persistência da dor emocional através do tempo.


Para quem é este livro?

  • Leitores interessados em romances psicológicos e introspectivos
  • Quem gosta de histórias sobre amizade, traição e silêncio
  • Apreciadores de autores como Stefan Zweig e Thomas Mann
  • Quem busca uma leitura breve, mas intensa e memorável
  • Leitores que gostam de histórias com ambientações históricas e decadentes

Outros livros que podem interessar!

  • O Mundo de Ontem, de Stefan Zweig
  • A Morte em Veneza, de Thomas Mann
  • O Coração das Trevas, de Joseph Conrad
  • O Leopardo, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa
  • O Jogador, de Fiódor Dostoiévski

E aí?

Curioso para descobrir o que une e separa dois homens após uma vida inteira de silêncio? As Brasas é um mergulho delicado nas zonas cinzentas da alma humana. Um romance curto que deixa marcas profundas.

Capa do livro As Brasas

As Brasas

Um reencontro marcado por silêncio, culpa e verdades ocultas. Em As Brasas, Sándor Márai constrói um romance intenso sobre o tempo, a amizade e o que nunca foi dito.

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Autores: Liev Tolstói



Quem é Liev Tolstói?


Liev Tolstói (1828–1910) foi um dos maiores nomes da literatura russa e mundial. Autor de obras-primas como Guerra e Paz e Anna Kariênina, Tolstói teve uma vida marcada por intensas transformações espirituais. Após uma juventude aristocrática e boêmia, passou por uma profunda crise existencial que o levou a buscar uma vida mais simples e voltada à espiritualidade. 

Sua escrita, cada vez mais comprometida com questões éticas, existenciais e religiosas, influenciou não apenas a literatura, mas também figuras como Gandhi e Martin Luther King. A Morte de Ivan Ílitch, publicada em 1886, é uma síntese poderosa de sua maturidade filosófica e literária.

16/07/2025

Resenha e mais: Liberdade (Jonathan Franzen)



Liberdade, de Jonathan Franzen — Quando a vida privada entra em colapso


Introdução

Publicado em 2010, Liberdade foi recebido com enorme entusiasmo pela crítica americana e logo consagrou Jonathan Franzen como um dos grandes nomes da literatura contemporânea dos Estados Unidos. Ambicioso, denso e profundamente psicológico, o romance retrata as contradições da vida familiar, os limites da realização pessoal e as rachaduras do sonho americano.

Enredo

A trama gira em torno da família Berglund, especialmente do casal Walter e Patti, moradores de um subúrbio em St. Paul, Minnesota. Vistos como cidadãos-modelo por seus vizinhos, aos poucos revelam uma rede de frustrações íntimas, traições emocionais e decisões que desconstroem a imagem idílica do lar. Com o passar dos anos, o filho Joey se distancia dos pais, enquanto Patti se envolve emocionalmente com Richard Katz, roqueiro e melhor amigo de Walter. As tensões entre idealismo e egoísmo moldam cada escolha dos personagens.

Análise crítica

Liberdade é um romance de fôlego, que vai além da crítica social ou do drama familiar. Com uma prosa minuciosa, quase obsessiva, Franzen escancara as camadas mais profundas da vida privada, revelando que a liberdade prometida pela modernidade nem sempre se traduz em plenitude ou felicidade. A estrutura narrativa é sofisticada, alternando pontos de vista e revelando gradualmente as falhas de cada personagem. Patti é especialmente bem construída — uma mulher dilacerada entre o papel de esposa ideal e o desejo de ser vista como sujeito. Já Walter, entre a ética ambiental e o ressentimento afetivo, representa a tragédia do idealista moderno. O romance é um espelho incômodo, onde o leitor se vê implicado nos impasses morais das figuras retratadas.

Conclusão

Com uma narrativa potente e personagens memoráveis, Liberdade se impõe como um dos grandes romances do século XXI. É um livro que exige do leitor, mas que oferece em troca uma experiência densa e transformadora. Mais do que contar uma história, Franzen propõe uma autópsia da alma americana — e, por extensão, da condição humana em tempos de escolhas infinitas e vínculos frágeis.


Para quem é este livro?

  • Leitores que gostam de romances psicológicos e complexos
  • Quem se interessa por conflitos familiares e dramas íntimos
  • Admiradores da literatura contemporânea americana
  • Pessoas que apreciam reflexões sobre ética, amor e liberdade

Outros livros que podem interessar!

  • As Correções, de Jonathan Franzen
  • Reparação, de Ian McEwan
  • Pastoral Americana, de Philip Roth
  • A Visita Cruel do Tempo, de Jennifer Egan

E aí?

Curtiu saber mais sobre esse romance provocador e atual? Liberdade é um mergulho corajoso nas contradições da vida moderna. Se você se interessa por literatura que questiona valores, relações e identidades, esse livro pode ser a sua próxima leitura imperdível!

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Capa do livro Liberdade

Liberdade

Um retrato intenso e multifacetado da vida americana contemporânea. Em Liberdade, Jonathan Franzen explora família, política e os dilemas da liberdade individual.

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Autores: Aldous Huxley



Quem é Aldous Huxley?

Aldous Huxley (1894–1963) foi um escritor e filósofo britânico, conhecido principalmente pelo romance Admirável Mundo Novo, publicado em 1932. Nascido em Surrey, Inglaterra, Huxley pertenceu a uma família de intelectuais e cientistas renomados, o que influenciou sua formação humanista e científica. Sua obra transita entre a ficção, o ensaio filosófico e a crítica social, explorando temas como tecnologia, condicionamento humano, liberdade e espiritualidade. 

Nos anos finais da vida, aprofundou-se no estudo da consciência, das religiões orientais e do uso de substâncias psicodélicas como ferramenta de expansão mental. Huxley é considerado um dos pensadores mais visionários do século XX.

15/07/2025

Resenha e mais: A Festa do Bode (Mario Vargas Llosa)



O monstro e os espelhos: o horror político em A Festa do Bode


Introdução

Publicado em 2000, A Festa do Bode é uma das obras mais contundentes de Mario Vargas Llosa, que mistura ficção e realidade para abordar os últimos dias da ditadura de Rafael Trujillo na República Dominicana. Com sua prosa envolvente, o autor peruano constrói uma narrativa em camadas, entrelaçando a história de uma mulher marcada pelo passado e os eventos que culminaram no assassinato do ditador.

Enredo

A trama se desenrola em três frentes principais: a de Urania Cabral, que retorna ao seu país após décadas de ausência para confrontar traumas familiares; a dos conspiradores que planejam eliminar Trujillo; e a do próprio ditador nos momentos que antecedem sua morte. Alternando pontos de vista e saltos temporais, Vargas Llosa reconstrói não apenas os fatos políticos, mas também os mecanismos de opressão, medo e submissão que sustentaram uma das mais violentas ditaduras da América Latina.

Análise crítica

Com sua habilidade narrativa já consagrada, Mario Vargas Llosa transforma um episódio histórico em um romance eletrizante e perturbador. A escolha de focar também nas consequências psicológicas e íntimas da ditadura — especialmente no drama pessoal de Urania — amplia o escopo do livro, que não se limita à análise política. O autor explora a corrupção institucional e o poder devastador do medo. Ao dar voz aos conspiradores, revela dilemas morais complexos, e ao humanizar o próprio Trujillo, sem isentá-lo, cria uma figura tão repulsiva quanto fascinante.

Conclusão

A Festa do Bode é uma leitura densa, mas recompensadora. Um romance histórico que não apenas documenta, mas interpreta a dor de um povo, lançando luz sobre o preço da liberdade e o silêncio que a opressão impõe. É uma obra madura, escrita por um autor no auge de sua forma literária, e que continua a reverberar com força em tempos de ameaça à democracia.


Para quem é este livro?

  • Leitores interessados em romances históricos baseados em fatos reais
  • Quem busca entender os mecanismos de uma ditadura latino-americana
  • Admiradores de narrativas densas e psicológicas
  • Estudantes e pesquisadores de política, literatura ou história contemporânea

Outros livros que podem interessar!

  • O outono do patriarca, de Gabriel García Márquez
  • Yo el Supremo, de Augusto Roa Bastos
  • Conversa na Catedral, de Mario Vargas Llosa
  • Noite e neblina, de Primo Levi

E aí?

Se você quer conhecer de perto os mecanismos do poder e da barbárie — e como eles invadem até os espaços mais íntimos —, A Festa do Bode é leitura obrigatória. Um mergulho duro, mas necessário.

Disponível na Amazon

Capa do livro A Festa do Bode

A Festa do Bode

Uma análise profunda do poder e da corrupção. Em A Festa do Bode, Mario Vargas Llosa constrói um retrato impactante da ditadura e suas consequências.

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13/07/2025

Autores: Nick Hornby



Quem é Nick Hornby?

Nick Hornby é um escritor, roteirista e ensaísta britânico nascido em 17 de abril de 1957, em Redhill, no sul da Inglaterra, e criado nos arredores de Londres. Reconhecido internacionalmente por unir humor, cultura pop e introspecção em suas obras, Hornby é uma das vozes mais populares da literatura contemporânea de língua inglesa.

Seu primeiro grande sucesso veio com Febre de Bola (1992), uma autobiografia literária que combina obsessão pelo futebol e reflexões pessoais. O livro lhe rendeu reconhecimento imediato e abriu caminho para seus romances mais conhecidos, como Alta Fidelidade (1995), Um Grande Garoto (1998) e Como Ser Legal (2001). Suas histórias frequentemente exploram personagens masculinos imaturos, apaixonados por música, esportes ou cultura pop, que enfrentam dilemas afetivos e existenciais com doses de sarcasmo e vulnerabilidade.

Com um estilo leve, irônico e repleto de referências culturais, Nick Hornby conquistou tanto leitores quanto a crítica. Várias de suas obras foram adaptadas para o cinema e a televisão com sucesso, como Alta Fidelidade e Um Grande Garoto. Além de romancista, ele também é roteirista premiado, tendo recebido indicações ao Oscar e ao BAFTA por seus roteiros adaptados, como o de (2009).

Entre os prêmios que já recebeu estão o EM Forster Award da Academia Americana de Artes e Letras e o Evening Standard British Film Award. Hornby também escreve regularmente sobre literatura e música, mantendo-se ativo tanto no jornalismo cultural quanto na ficção.

Ao longo das décadas, sua obra segue relevante por capturar os conflitos emocionais da vida adulta com empatia e inteligência, tornando Nick Hornby um autor indispensável para leitores interessados em romances contemporâneos com alma pop.

Autores: Kurt Vonnegut



Quem é Kurt Vonnegut?

Kurt Vonnegut (1922–2007) foi um escritor, ensaísta e romancista norte-americano, conhecido por seu estilo satírico, irreverente e profundamente humanista. Nascido em Indianápolis, Estados Unidos, serviu como soldado na Segunda Guerra Mundial e sobreviveu ao bombardeio de Dresden, episódio que inspiraria seu romance mais famoso, Matadouro 5

Ao longo de sua carreira, Vonnegut abordou temas como guerra, livre-arbítrio, absurdos da burocracia, tecnologia e a fragilidade da condição humana, sempre com humor ácido e estruturas narrativas inovadoras. Com obras que transitam entre a ficção científica e a crítica social, tornou-se uma das vozes mais originais da literatura americana do século XX.

Resenha e mais: Dom Quixote (Miguel de Cervantes)



A Loucura como Resistência: um mergulho em Dom Quixote



Introdução

Publicado pela primeira vez no início do século XVII, Dom Quixote é considerado o primeiro romance moderno e uma das obras mais influentes da literatura ocidental. Escrito pelo espanhol Miguel de Cervantes, o livro acompanha as desventuras de um fidalgo enlouquecido pela leitura de romances de cavalaria que decide tornar-se cavaleiro andante. Mais do que uma paródia do gênero cavaleiresco, o romance mergulha fundo nas contradições da natureza humana, na relação entre realidade e fantasia e na força destrutiva (e redentora) dos sonhos.

Enredo

A trama gira em torno de Dom Quixote de la Mancha, um homem comum que, tomado por delírios heroicos, adota um nome de guerra e sai pelo mundo com sua armadura enferrujada, montado em seu cavalo Rocinante, acompanhado pelo fiel escudeiro Sancho Pança. Ao longo de suas andanças por Espanha, Dom Quixote enfrenta inimigos que só ele vê, como os famosos moinhos de vento que acredita serem gigantes, e declara amor eterno à dama imaginária Dulcineia. A narrativa é repleta de aventuras tragicômicas e episódios que misturam crítica social, humor e lirismo.

Análise crítica

Dom Quixote é uma obra que transcende o tempo. Cervantes constrói uma narrativa que questiona as fronteiras entre sanidade e loucura, idealismo e pragmatismo, sonho e realidade. A genialidade do romance está na forma como esses temas são abordados com leveza e ironia, sem perder profundidade. O contraste entre o idealismo de Dom Quixote e o realismo resignado de Sancho Pança cria um dos pares mais emblemáticos da literatura. Além disso, o livro antecipa técnicas modernas, como a metalinguagem e a quebra da quarta parede, fazendo do texto uma reflexão sobre a própria arte de narrar. A crítica à sociedade da época, ao feudalismo decadente e às instituições é sutil, mas poderosa.

Conclusão

Ler Dom Quixote é confrontar nossos próprios delírios, nossas utopias e a eterna tensão entre aquilo que é e aquilo que gostaríamos que fosse. Apesar da distância histórica e cultural, a figura do cavaleiro andante permanece incrivelmente atual: uma metáfora viva para todos que insistem em sonhar, mesmo quando o mundo insiste em chamar isso de loucura. Uma leitura indispensável, não apenas pela relevância literária, mas pela riqueza humana que carrega.


Para quem é este livro?

  • Leitores apaixonados por clássicos universais
  • Quem se interessa por literatura espanhola ou renascentista
  • Estudantes e professores de Letras e Literatura
  • Pessoas fascinadas por temas como loucura, idealismo e sátira
  • Quem procura uma leitura densa, porém divertida

Outros livros que podem interessar!

  • Gargântua e Pantagruel, de François Rabelais
  • A Vida e as Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy, de Laurence Sterne
  • Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain
  • O Mestre e Margarida, de Mikhail Bulgákov
  • O Homem Sem Qualidades, de Robert Musil

E aí?

Já leu Dom Quixote? Que parte mais te marcou: os delírios heroicos, as críticas sociais ou o humor irresistível? Compartilha comigo nos comentários! E se quiser adquirir o livro, confira abaixo:

Interessou? Saiba onde encontrar

Capa do livro Dom Quixote

Dom Quixote

A obra-prima de Miguel de Cervantes que mistura aventura, humor e reflexão sobre a loucura e o idealismo. Um clássico eterno da literatura mundial.

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12/07/2025

Autores: Itamar Vieira Junior



Quem é Itamar Vieira Junior?

Itamar Vieira Junior é um escritor e geógrafo brasileiro nascido em Salvador, Bahia, em 1979. Doutor em Estudos Étnicos e Africanos pela Universidade Federal da Bahia, construiu sua trajetória literária explorando temas ligados à ancestralidade afro-brasileira, à vida no campo e à resistência dos povos marginalizados.

Seu livro de estreia, Torto Arado, venceu importantes prêmios literários como o Prêmio Jabuti, o Prêmio Oceanos e o Prêmio LeYa, sendo considerado um dos romances mais marcantes da literatura brasileira contemporânea. Com linguagem sensível e profunda, sua escrita se destaca pelo enraizamento social e espiritual, além de dar voz a comunidades historicamente silenciadas.

Itamar Vieira Junior também é servidor público do INCRA, onde atua com questões fundiárias, tema que influencia diretamente sua obra. Sua produção literária é reconhecida por seu compromisso com a justiça social, a memória e a identidade cultural do Brasil.

Resenha e mais: A Redoma de Vidro (Sylvia Plath)



A Redoma de Vidro, de Sylvia Plath


Introdução

A Redoma de Vidro é uma das obras mais marcantes da literatura do século XX, não apenas pela potência literária, mas também pela trágica trajetória de sua autora, Sylvia Plath. Publicado originalmente em 1963 sob o pseudônimo Victoria Lucas, o livro tornou-se um símbolo da luta interna de uma jovem mulher diante das expectativas sufocantes da sociedade. Ao narrar a descida de sua protagonista ao colapso psicológico, Plath entrega uma obra intensa, profundamente confessional e ainda atual.

Enredo

A narrativa acompanha Esther Greenwood, uma jovem brilhante que conquista um estágio como editora júnior em uma prestigiada revista de moda em Nova York. Apesar das oportunidades, ela se sente deslocada, confusa e desiludida com o mundo ao seu redor. Após retornar para sua casa em Boston, começa a mergulhar numa espiral de depressão e desorientação, culminando em tentativas de suicídio e internações psiquiátricas. A “redoma de vidro” que dá nome ao romance representa essa sensação de sufocamento, a incapacidade de se conectar com o mundo de maneira saudável e fluida.

Análise crítica

Plath entrega uma obra ferozmente honesta, explorando o colapso mental com detalhes viscerais, sem apelar ao melodrama. Sua prosa é límpida, direta e, ao mesmo tempo, poética — uma marca inconfundível de sua formação como poeta. A escrita de A Redoma de Vidro é tão simbólica quanto clínica, refletindo a própria luta de Plath com a saúde mental e a opressão social. O livro também denuncia o ideal de feminilidade da década de 1950, apresentando uma mulher que não consegue (ou não quer) se adequar aos papéis tradicionais esperados de uma esposa e mãe.

O romance pode ser lido como um grito abafado, preso sob a “redoma” da normatividade e da pressão patriarcal. Embora ambientado em outro tempo, o drama vivido por Esther encontra eco em leituras contemporâneas, especialmente entre mulheres que enfrentam a dicotomia entre realização pessoal e exigências sociais.

Conclusão

A Redoma de Vidro é uma leitura desconcertante e necessária. Ao narrar a experiência do colapso com tanta proximidade e franqueza, Plath rompeu o silêncio sobre temas que ainda hoje carregam estigmas, como a saúde mental feminina e o suicídio. O livro se transforma em uma lente através da qual olhamos não só para o sofrimento da protagonista, mas também para as estruturas que alimentam esse sofrimento. É uma obra que permanece viva, pungente, corajosa — e imperdível.


Para quem é este livro?

  • Leitores interessados em temas como saúde mental, identidade e feminismo
  • Público jovem-adulto em fase de transição e questionamento existencial
  • Admiradores de narrativas intimistas e literariamente refinadas
  • Estudantes e estudiosos de literatura do século XX
  • Quem deseja conhecer a fundo a obra e a voz de Sylvia Plath

Outros livros que podem interessar!

  • A Campânula de Vidro, de Janet Frame
  • Os Anos, de Annie Ernaux
  • O Quarto de Giovanni, de James Baldwin
  • O Deus das Pequenas Coisas, de Arundhati Roy
  • Noites Azuis, de Joan Didion

E aí?

Se você busca uma leitura que mistura sensibilidade poética, coragem narrativa e reflexão profunda sobre o sofrimento psíquico, A Redoma de Vidro pode ser a escolha ideal para a sua próxima leitura. Prepare-se para mergulhar em um retrato cru da alma humana — e sair transformado.

Onde comprar?

Capa do livro A Redoma de Vidro

A Redoma de Vidro

Um retrato profundo e perturbador da luta contra a doença mental. Em A Redoma de Vidro, Sylvia Plath narra a delicada jornada de autodescoberta e dor.

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11/07/2025

Autores: Charles Dickens



Quem é Charles Dickens?

Charles Dickens (1812–1870) foi um dos maiores escritores da literatura inglesa, conhecido por suas narrativas envolventes, personagens marcantes e crítica social afiada. Nascido em Portsmouth, Inglaterra, viveu uma infância difícil, marcada por problemas financeiros da família. Trabalhou desde jovem em fábricas e escritórios, experiências que influenciaram profundamente sua obra. Entre seus romances mais célebres estão Oliver Twist, David Copperfield e Um Conto de Natal. Sua escrita combina emoção, ironia e um olhar atento para as injustiças da sociedade vitoriana. Até hoje, Charles Dickens é celebrado como mestre do romance realista e cronista sensível da condição humana.

Resenha e mais: A Assombração da Casa da Colina (Shirley Jackson)



A Assombração da Casa da Colina: o medo que vem das paredes


Introdução

A Assombração da Casa da Colina, da escritora norte-americana Shirley Jackson, é muito mais do que uma clássica história de casa mal-assombrada. Publicado em 1959, o livro é considerado um dos maiores romances de terror psicológico do século XX. Com sutileza, humor sombrio e uma inteligência afiada, Jackson transforma a arquitetura de um casarão isolado em um espelho sombrio da psique humana.

Enredo

A trama acompanha um pequeno grupo reunido pelo excêntrico doutor John Montague, que deseja estudar manifestações sobrenaturais. Para isso, escolhe a enigmática Casa da Colina, um casarão afastado e com um passado trágico. Entre os convidados, está Eleanor Vance, uma mulher solitária e emocionalmente fragilizada, que logo estabelece uma estranha conexão com o lugar. Também participam Theodora, espirituosa e ambígua, e Luke Sanderson, herdeiro da casa. O que se segue é uma sequência de eventos inexplicáveis, mas ainda mais inquietante é o que permanece fora de cena — e dentro da mente dos personagens.

Análise crítica

Jackson não depende de sustos óbvios. Seu poder está na sugestão, na ambiguidade e na criação de uma atmosfera que aprisiona tanto os personagens quanto o leitor. A Casa da Colina não é apenas cenário — ela parece viva, dotada de uma presença que observa, manipula e consome. O foco narrativo na perspectiva de Eleanor nos conduz por uma espiral de instabilidade emocional que se confunde com o que é ou não real.

O terror em Jackson é elegante, lento e psicológico. A autora trabalha com os silêncios, os ruídos no meio da noite, as portas que se fecham sozinhas — tudo cuidadosamente dosado para provocar inquietação. O isolamento, a perda de identidade e a solidão são temas centrais, especialmente encarnados em Eleanor, cuja vulnerabilidade torna-a presa fácil da casa — ou de si mesma.

Conclusão

Mais do que um romance de assombração, este é um livro sobre o medo como experiência interna. A Assombração da Casa da Colina é uma obra literária sofisticada, onde a linguagem, os simbolismos e a arquitetura narrativa constroem um terror que permanece muito depois da última página. A casa continua nos espreitando, como uma lembrança inquieta de que, às vezes, o pior dos assombros vem de dentro.


Para quem é este livro?

  • Leitores que apreciam terror psicológico e atmosferas opressivas
  • Fãs de clássicos do horror literário
  • Interessados em personagens femininas complexas
  • Quem gostou da série da Netflix inspirada no livro, mas quer conhecer o original
  • Estudiosos de literatura gótica e simbólica

Outros livros que podem interessar!

  • O Iluminado, de Stephen King
  • Rebecca, de Daphne du Maurier
  • A Volta do Parafuso, de Henry James
  • O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë
  • A Lenda da Casa do Pântano, de William Hope Hodgson

E aí?

Se você está em busca de uma leitura arrepiante, mas também profunda e literária, A Assombração da Casa da Colina é uma escolha certeira. Prepare-se para uma experiência que não depende de fantasmas visíveis, mas de uma inquietação persistente que cresce a cada página. Vai encarar a Casa da Colina?

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Capa do livro A Assombração da Casa da Colina

A Assombração da Casa da Colina

Uma obra-prima do terror psicológico. Em A Assombração da Casa da Colina, Shirley Jackson cria uma atmosfera inquietante e inesquecível.

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10/07/2025

Autores: Socorro Acioli



Quem é Socorro Acioli?


Socorro Acioli é uma escritora, jornalista e professora brasileira, nascida em Fortaleza, no estado do Ceará. Com uma carreira literária voltada especialmente para o público jovem e infantojuvenil, destacou-se no cenário nacional com o romance A Cabeça do Santo, publicado em 2014. A obra, fruto de um trabalho iniciado sob a mentoria do escritor Gabriel García Márquez durante um curso em Cuba, consolidou sua presença na literatura brasileira contemporânea.

Com mais de quinze livros publicados, Socorro Acioli também se dedica à pesquisa acadêmica e à formação de novos escritores, atuando como professora universitária e ministrando oficinas literárias. Sua escrita se destaca pela sensibilidade, pelo lirismo e pela valorização da cultura e da oralidade nordestinas, unindo o realismo mágico com temas sociais e afetivos.

Em 2013, recebeu o Prêmio Jabuti na categoria juvenil pelo livro Ela tem olhos de céu. Seu trabalho é reconhecido pela crítica e por leitores de todas as idades, sendo considerada uma das vozes mais singulares da literatura brasileira atual.